3dtvavtfk5 5oqk0qs8t3 file Consciência negra? Continuamos na senzala, isso sim!
A senzala sem correntes segue aprisionando negros em estatísticas no Brasil

Ser negro no Brasil é fazer parte das estatísticas. São números que se amontoam nos tratados sobre violência, emprego, racismo e desigualdades em geral. No dia em que se comemora a consciência negra, neste 20 de novembro, há muito pouco a ser celebrado. É fato que já houve conquistas e alguma melhora, mas estamos longe, muito longe, de um cenário razoável.

Basta se debruçar sobre alguns poucos acontecimentos para entender que a maioria ainda vive na senzala, numa escravidão não declarada, enquanto os que estão na casa grande também não pretendem sair de lá. Pesquisa da Fundação Seade, divulgada nesta terça-feira (17), revela que os negros recebem quase metade do salário dos brancos na região metropolitana de São Paulo, segundo o estudo com base em dados de 2014.
Por hora, os brancos ganham, em média, R$ 13,80, enquanto os negros recebem R$ 8,79 — ou 63,7% em comparação com os não negros. Isso, em um País mestiço feito o Brasil, é chocante. Essa diferença, inclusive, aumentou entre 2013 e 2014, sobretudo, por causa do crescimento de 2,9% do rendimento dos não negros — diante da estabilidade do salário dos negros. Em 2013, o rendimento médio por hora dos negros correspondia a 65,3% dos não negros. Há justificativa para tanta disparidade? Certamente não. Trata-se exclusivamente de uma disparidade entre os rendimentos por causa da cor da pele.
A mesma cor da pele que mata mais mulheres. O número de mulheres negras assassinadas apresentou uma forte alta em dez anos e passou de 1.864 casos em 2003 para 2.875 em 2013, alta de 54,2%. As mulheres brancas tiveram um decréscimo no número de assassinadas em 9,8%, passando de 1.747 casos em 2003 para 1.576 em 2013. Os dados são do Mapa da Violência 2015 — Homicídios de Mulheres no Brasil.
Os episódios de racismo se sucedem e só aparecem quando escolhem como vitimas negros famosos, como foi o caso com a apresentadora Maju e a atriz Tais Araújo. As redes sociais acabam servindo de vetor para os discursos de ódio, e só quem tem visibilidade acaba criando coragem de brigar com os agressores virtuis, como fez Tais. Mais do que um problema da Internet, é um drama real.
O dia da consciência negra precisa ser mais do que um feriadão. Tem de ser usado como momento de reflexão e combate ao preconceito, para que não haja mais o nefasto hábito de julgar alguém pela cor , pagar menos pela cor, matar mais pela cor.
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