O príncipe que desperta a Bela Adormecida de seu sono profundo é brasileiro --ao menos no espetáculo encenado em Nova York pelo American Ballet Theatre, a principal companhia de balé dos Estados Unidos e que comemora 75 anos em atividade. Aos 35 anos, o amazonense Marcelo Gomes é hoje o primeiro bailarino do grupo.
O resultado obtido pelo brasileiro, que entre maio e julho interpretou o atraente príncipe Desire --par romântico da princesa Aurora-- e também o Romeu de "Romeu e Julieta", de Prokofiev, é fruto de três décadas de dedicação.
"Para se tornar um grande bailarino você precisa de paixão pelo que faz, uma boa escola, excelentes professores, doação do seu corpo para ser moldado e um bom senso de humor", enumera Marcelo ao UOL. "Bom humor vale para qualquer profissão. Sem leveza e alto-astral, a vida se torna muito mais difícil", completa ele, que este mês viajou a Tóquio para participar do World Ballet Festival.
Desde que foi reconhecido, aos 13 anos, como revelação do Festival de Dança de Joinville, em Santa Catarina, e ganhou uma bolsa para estudar na Flórida, Marcelo viu sua carreira despontar. Nesse período, já se apresentou com os balés russos Bolshoi e Mariinsky (antigo Kirov), nos espetáculos "Onegin" e "Giselle", respectivamente, e com o Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro, em "Don Quixote". E voltou ao evento catarinense, desta vez como convidado de gala, ao lado da bailarina Cecilia Kerche. "Nunca pensei que, ao sair de Manaus, dançaria com grandes artistas e companhias. Mas não há nada igual a se apresentar no seu próprio país, é uma emoção muito maior do que em qualquer outro lugar", afirma ele, que se tornou, o principal dançarino do American Ballet Theatre em 2002.
MARCELO GOMES É APLAUDIDO EM "BELA ADORMECIDA"
Primeiros passos
Os primeiros passos de Marcelo começaram aos 5 anos no jazz e no teatro, e aos 7 migraram para o balé clássico. "Eu sempre dançava em casa, nas festas dos meus pais, e gostava de atuar, ser outra pessoa no palco. Acho que já estava no sangue, no meu DNA", avalia o brasileiro, que foi contratado em 1997 pelo American Ballet Theatre. "Com a dança, aprendi a ter responsabilidade e disciplina, adquiri maturidade e experiência".
Mesmo com o passar destes anos, Marcelo admite ainda sentir frio na barriga. "Continuo crescendo e desafiando meus limites", diz ele, que em 2014 interpretou o cisne na versão do coreógrafo inglês Matthew Bourne para "O Lago dos Cisnes". O brasileiro ensaia até seis horas por dia e treina na academia de duas a três vezes por semana, mas garante que leva uma vida normal: "Para relaxar, um drink cai bem depois de um espetáculo".
Paralelamente com a dança, o primeiro bailarino do American Ballet Theatre tem investido em trabalhos como coreógrafo: em maio de 2013 estreou "Apothéose" com a companhia, no Metropolitan, e no primeiro semestre de 2014 lançou "Aftereffect" no Kennedy Center Opera House, em Washington DC. "Estou adorando trabalhar com diferentes bailarinos e poder ser criativo em termos de cenários, figurinos e músicas. Quando estou coreografando, não penso em mim, mas em quem está à minha frente, em passar a experiência que tenho e receber inspiração com os movimentos deles", afirma Marcelo, que não pretende parar tão cedo de dançar, mas já sonha em dirigir uma companhia no futuro.
Mesmo com o passar destes anos, Marcelo admite ainda sentir frio na barriga. "Continuo crescendo e desafiando meus limites", diz ele, que em 2014 interpretou o cisne na versão do coreógrafo inglês Matthew Bourne para "O Lago dos Cisnes". O brasileiro ensaia até seis horas por dia e treina na academia de duas a três vezes por semana, mas garante que leva uma vida normal: "Para relaxar, um drink cai bem depois de um espetáculo".
Paralelamente com a dança, o primeiro bailarino do American Ballet Theatre tem investido em trabalhos como coreógrafo: em maio de 2013 estreou "Apothéose" com a companhia, no Metropolitan, e no primeiro semestre de 2014 lançou "Aftereffect" no Kennedy Center Opera House, em Washington DC. "Estou adorando trabalhar com diferentes bailarinos e poder ser criativo em termos de cenários, figurinos e músicas. Quando estou coreografando, não penso em mim, mas em quem está à minha frente, em passar a experiência que tenho e receber inspiração com os movimentos deles", afirma Marcelo, que não pretende parar tão cedo de dançar, mas já sonha em dirigir uma companhia no futuro.
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